Coisa de Mãe

Solidão

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Hoje, à tarde, resolvi ficar integralmente com meu filho. As minhas tardes são sempre dele, mas às vezes faço uns encaixes. Tenho que ir fazer feira, levo menino, cachorro, papagaio… Faço algum programa com ele e depois saio correndo para o médico… Sabe como é, mãe não tira férias. Então, hoje, disse: “Nada de encaixes”. Brinquei com ele bastante em casa e depois, como o dia estava bonito – finalmente sem chuvas -, resolvi que iríamos ao Parque da Jaqueira, uma área arborizada e repleta de crianças nesse período de férias escolares. O primo dele, Iago, apareceu por lá depois. O pai de João Marcelo que está meio trabalhando, meio de férias, foi dar uma caminhada. Os meninos queriam entrar no pula-pula. Entraram. Marcelo havia terminado a caminhada e eu pedi que ele observasse as crianças, enquanto eu comprava um refrigerante. Quando estou voltando em direção ao pula-pula, escuto o choro copioso de João Marcelo. Pensei imediatamente: “Caiu e bateu com a cabeça” ou “Pulando, desequilibrou-se e deu um encontrão no primo”. Meu primeiro palpite foi uma dor física. Iago veio correndo me encontrar: “Ele quer tu, madrinha”. Respondi: “O que aconteceu, Iago?” Meu sobrinho disse: “Nada”. Quando me aproximei, João Marcelo afirmou, visivelmente ressentido: “Iago me deixou sozinho, mamãe” O primo saíra do pula-pula antes dele. Expliquei que Iago não havia tido a intenção de abandoná-lo. O tempo dele no brinquedo já tinha acabado e ele precisou sair. Meu filho olhou para mim e disse: “Tô triste. Tu me deixou sozinho também, mamãe”. Intimamente, percebi que não havia sido empática com a dor dele, justificando a saída do primo. Mas, depois, notei que estava se referindo à minha escapulida para comprar o refrigerante. Na hora, pensei que aquela era uma das tardes em que havia me sentido mais presente, mais participativa… Precisamente nesse momento, entendi o sentido da frase meio chavão que veio à minha cabeça: “Tenho consciência de que fiz o melhor que pude…” Claro que não a pronunciei, ele não entenderia. Também não me culpei. Constatei apenas que nem sempre o “máximo” que a gente tem para dar é suficiente. Como aprendi, depois de muita terapia, que não podemos corresponder às expectativas do outro… ou dos outros, espero que esse tenha sido, para meu filho, o início de uma longa aprendizagem: Ninguém vai agir de acordo com as nossas expectativas. Nem mãe.

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