Coisa de Mãe

Direito à Infância

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Resolvi entrar na blogagem coletiva sobre os Direitos da Infância, proposta pelo Desabafo de mãe. Queria falar no assunto, acho importante, mas decidi também que minha contribuição não será tão conceitual quanto deveria, nem vou partilhar, pelo menos neste momento, minha opinião sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), embora já a tenha construído há algum tempo. Decidi refletir um pouco sobre a minha infância e sobre a infância que desejo oferecer aos meus filhos. Para tanto, vou contar o que aconteceu comigo na semana passada, no estacionamento de um supermercado do Recife, enquanto eu guardava a feira do mês que abasteceria a minha casa e alimentaria a minha família. Um menino de uns 10 anos passou oferecendo uns quadrinhos com símbolos dos times pernambucanos. Ele me ofereceu, agradeci, mas recusei. Continuei, mecanicamente, o ato de abastecer a mala do carro. Sem culpa, esqueci o menino. Há muito tempo decidi que não compraria nada de crianças e não daria esmolas. Fechei a mala e, quando me dirigi à porta de acesso ao banco de motorista, avistei o menino em uma outra fileira, entre um carro e outro, sentado. Só, cabeça baixa. Não me controlei e fui falar com ele. Perguntei o que estava acontecendo. Ele levantou a cabeça, humilde. Vi que as lágrimas desciam pelo rosto. Depois, senti as minhas próprias. Perguntei o que havia. Ele disse o que eu já havia antecipado. Precisava vender os quadrinhos ou ficaria de “castigo” quando chegasse à casa do tio, onde morava. E a sua mãe? Perguntei. Mora em Jaboatão. Respondeu. A cidade é vizinha do Recife. Não entendi, mas não me aprofundei. Chorando, nervosa, procurei dinheiro para comprar o quadro, contra todos os meus princípios já cristalizados. Não tinha. Terminei dando uma esmola de pouco mais de R$ 5. Era tudo que tinha no bolso. Não, não foi uma tentativa de amenizar a minha culpa, foi uma tentativa de fazer alguma coisa que eu não sabia bem o quê. Minha vontade era levá-lo para minha casa, oferecer afeto, um teto, comida, roupa, limite, enfim, oferecer-lhe uma INFÂNCIA. Sei que isso acontece todos os dias. Conheço essa realidade, mas é muito diferente vivenciar essa realidade. Para mim, os direitos da criança ficaram mais claros depois desse encontro. Vou escrevê-los aqui:

1. Toda criança tem direito a uma mãe presente e amorosa;

2. Toda criança tem direito a sorrir;

3. Toda criança tem direito a brincar;

4. Toda criança tem direito a ser amada;

5. Toda criança tem direito a comer;

6. Toda criança tem direito a dormir;

7. Toda criança tem direito a se vestir;

8. Toda criança tem direito a um teto;

9. Toda criança tem direito à escola;

10. Toda criança tem direito a ser repreendida com afeto;

11. Toda criança tem direito a uma INFÂNCIA!

Pena que eu não tenha garantido todos esses direitos àquela criança e pena maior ainda que este País seja tão omisso quanto ao seu próprio futuro.

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