Coisa de Mãe

Culpa, teu nome é mãe!

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Foto: Rafael Alves

Desde que tive Valentina, minha caçula, vivo o dilema: será que estou tendo os mesmos “cuidados” que eu tive com o meu primeiro, João Marcelo? A resposta é não. Espero que você não pare de ler o post e saia do blog depois de ter lido uma resposta tão categórica a uma pergunta tão delicada… Fique aí, dê mais uma chance, não me culpe já, deixe que eu me explique… Eu mesma sempre me culpei e me questionei quanto a isso. Claro que não tenho os mesmos cuidados, não tenho as mesmas preocupações, nem os mesmos exageros, diga-se de passagem… Acho engraçado quando nós, mães e pais, dizemos: “foram criados do mesmo jeito e são tão diferentes”. Só pode ser uma piada… João Marcelo veio quando eu não sabia de nada sobre maternidade. Trabalhava feito uma louca: manhã, tarde e noite. Queria ser uma profissional de sucesso, uma mãe excepcional, uma mulher maravilha. Com ele, foi uma descoberta atrás da outra. Meus medos eram enormes. A preparação para receber Valentina só veio cerca de quatro anos depois. Àquela altura, eu já tinha aberto mão de boa parte da minha vida profissional, sabia que não precisava correr para o hospital toda vez que a criança espirrava, que ela sobrevive se a gente passar um final de semana fora (na maioria das vezes, até gosta…), que febre não é bicho-papão, pelo contrário… Pois é, não deu para criar do mesmo jeito… Crio com mais leveza… Não é consciente, não… É porque agora é possível criar assim. Sem tanta angústia, sem tanta ansiedade e com mais segurança. Sinceramente, acho que sou uma mãe melhor para Valentina do que fui, na primeira infância, para João Marcelo. Talvez porque eu esteja melhor, mais experiente… E por que, apesar de tudo isso, sinto culpa? Primeiro, porque, depois que a gente se torna mãe, nunca mais deixa de assumir esse veredito: culpada. Segundo, porque a “sociedade”, o entorno, olha para você com acusação e questionamento, necessariamente nessa ordem. Sempre, em matéria de maternidade. E, claro, muitas vezes a gente quer corresponder a essa expectativa cultural da “boa mãe”. Quem é a “boa mãe” e essa “boa mãe” existe para quem? Não sei, nem quero saber. Quero só ter a doce sensação de ir dormir todas as noites em paz, tendo a certeza de que fui a melhor mãe que pude naquele dia. Mais uma vez, uma mãe apenas possível. O resto é torcer para que seja suficiente para os maiores interessados…

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