Coisa de Mãe

Um sopro de esperança

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Depois de um longo e tenebroso inverno, o verão ameaça chegar, mas gosto de pensar no mês de setembro como o mês da primavera (como se nós, nordestinos, soubéssemos do que se trata!)… Bom, acho o mês lindo. Afinal, é o mês do meu nascimento. Resolvi, então, ir ao cabeleireiro, fazer uma escova, na sexta. O primeiro, lotado, gente gripada e lá, dentro de uma sala com ar condicionado. Vocês já devem imaginar que eu saí correndo… Ainda estou neurótica com gripe suína. Ando meio deprê mesmo, são meus hormônios que não me largam! Choro à toa, mas resisti à tentação de voltar para casa e fui a outro salão. Um senhor, duas senhoras e só. Fiquei feliz e fui lavar o cabelo. Como vocês sabem, é inevitável ouvir fofoca de salão. Uma das funcionárias falava para a outra baixinho:

– Aquela é a noiva.

Confesso que, instintivamente, procurei a noiva. Não encontrei. Claro. Imaginava uma noiva jovem, meio histérica, a provar arranjos de cabelo. Mas não perguntei nada. Olhei para uma senhora distinta, com o cabelo elegantemente penteado e comentei, sem associar:

– Que penteado bonito, o daquela senhora…

A moça que lavava meu cabelo respondeu:

– É a noiva. Está fazendo a prova.

Achei a noiva linda, mas não dei atenção. Enquanto a moça dava um jeito no meu cabelo, fui, sem muito ânimo, juntando as peças daquela estória. O senhor que estava no salão, cortando o cabelo, era o noivo e a outra senhora era a cerimonialista do casamento que será realizado no próximo dia 12. A noiva, com uns 60 anos, o noivo, com quase 70, pelas minhas contas. Tão envolvidos (ou talvez mais) com os preparativos do casamento quanto qualquer casal de 20 e poucos anos. Sem ansiedade, com o andar um tanto quanto cansado, eles fizeram os acertos para a grande data com a cabeleireira. Depois, saíram, de braços dados. Observei que ele mantinha a coluna um pouco inclinada para a frente, como se já carregasse o peso dos anos. Ela, por sua vez, mantinha a altivez, empertigada e serena. Fiquei eu, minha depressão e meus hormônios. Já não ouvia os comentários das funcionárias do salão. Pensava apenas naquele sopro de esperança que eu acabava de sentir.

Foi quando minha filha se mexeu dentro da minha barriga e eu senti, desta vez, um chute de esperança, a me lembrar que tanto o casamento como a gravidez são sinais de vida.

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