Só tenho uma irmã. Nunca tive irmão. Mas sempre pensei em como seria ter um irmão também. Ter uma irmã é maravilhoso, existe uma certa cumplicidade feminina. Compartilha roupa, bijouteria, fala dos maridos. E por aí vai. Aqui em casa, entretanto, estou presenciando a convivência entre uma menina fofa, muito bebê, e um menino que já quer ser grande. É, no mínimo, engraçado:
- Ele chega da escola. Ela corre para abraçá-lo. Ele a ignora.
- Ela só quer brincar com os brinquedos dele. Ele dá um ou outro, mas reclama que ela quer se apoderar de todos (o que é verdade).
- Ela trela e ele não resiste: “não pode, Valentina”.
- Eles tomando banho juntos e ela vê a pitoca dele. Acha curioso e puxa, claro. Ele grita, reclamando da intromissão e do puxão.
- Ela faz questão de levar o leite dele pela manhã na cama. Ele não dá nem “bom dia”.
- Ela abraça e beija o irmão o tempo todo. Ele só corresponde às vezes.
- Ele morre de ciúmes dela com outras crianças. Ela nem liga para ele nessas horas.
- Na frente das pessoas, ele se orgulha, abraçando-a: “minha irmã não é fofinha?”
E por aí vão eles, construindo uma relação única. Esta semana eu o lembrei de que ele nunca mais estará sozinho. “Por que, mamãe?” “Porque agora você tem uma irmã. Quando a gente tem irmãos, a gente nunca está só no mundo”. Ele riu e foi brincar, sem entender muito bem, mas, aos meus olhos de mãe, pareceu satisfeito…
