Coisa de Mãe

Troca dos dentes preocupa mães

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Um dos posts mais comentados do Coisa de mãe é a entrevista realizada com a dentista Mônica Cruz sobre algumas dúvidas quanto à primeira dentição. Várias perguntas foram respondidas. Algumas no blog, outras por e-mail. De qualquer forma, resolvemos agrupar os questionamentos mais comuns e fazer uma nova entrevista com a dentista. Aqui, ela fala sobre a substituição dos dentes de leite pelos permanentes e os cuidados que devem ser tomados nessa fase. Mônica Cruz tem especialização na áreas de Saúde Pública e Saúde da Família, além de aperfeiçoamento em Odontopediatria e Odontologia para Bebês, e mestrado em Saúde Coletiva.

Coisa de mãe – Muitas mães se preocupam com a faixa etária da criança e a ausência de dentes. A partir de que idade as mães devem se preocupar com a falta da primeira dentição? É possível que uma criança não apresente dentes?
Mônica Cruz – A variação na época do nascimento dos primeiros dentes é comum. A idade média de erupção é aos 6 meses de idade, mas algumas crianças chegam a completar 1 ano sem nenhum dente na boca e isso não deve ser motivo de preocupação. Já tive paciente que veio a apresentar os primeiros dentinhos com 1 ano e 4 meses. O importante é fazer o acompanhamento juntamente com o pediatra e constatar que a criança apresenta um desenvolvimento saudável. Algumas doenças como o hipotireoidismo ou algumas síndromes podem vir acompanhadas de anodontia (falta de dentes) parcial ou total.

Coisa de mãe – Quando os dentes de leite começam a cair? Existe uma idade máxima? Essa é uma dúvida frequente. Há realmente motivo para preocupação?
Mônica Cruz – Do mesmo modo que existe variação na época de nascimento dos dentes de leite, existe a variação para iniciar a troca. A idade mais comum é aos 6 anos de idade, podendo haver um variação para mais ou para menos. A preocupação só deve ocorrer se o atraso for muito acentuado e o odontopediatra deve acompanhar e solicitar radiografias, caso ache necessário.

Coisa de mãe – Depois que os dentes de leite caem, em quanto tempo devem nascer os dentes permanentes?
Mônica Cruz – Normalmente o que faz o dente de leite cair é a pressão exercida pelo seu sucessor permanente. Assim, ele não demorará muito a aparecer na boca (média de um mês). Mas, em alguns casos, pode acontecer de o processo ser mais demorado. Isso acontece principalmente com os incisivos laterais superiores e devido à falta de espaço. Gengivas fibrosas também podem dificultar o processo. É importante o acompanhamento do odontopediatra.

Coisa de mãe – É normal que três dentes de leite caiam em uma mesma semana?
Mônica Cruz – Pode acontecer, sem causar nenhum problema. Os dentes análogos, que são os mesmos dentes de lados diferentes, tendem a ter o mesmo período de troca.

Coisa de mãe – Até que idade deve estar concluída a troca dos dentes de leite por dentes permanentes?
Mônica Cruz – Em geral, o inicio é por volta dos 6 anos e o término aos 12 anos. Com exceção do 3º molar permanente que irá aparecer na boca por volta dos 18 anos. Mas é importante lembrar que as crianças possuem 20 dentes e os adultos, 32. Dessa forma, 12 dentes não serão trocados. Eles irão surgir já na fase da dentição permanente. São eles: os quatro primeiros molares permanentes, por volta dos 6 anos de idade; os quatro segundos molares permanentes, por volta dos 12 anos; e, como já falei, os quatro terceiros molares permanentes, por volta dos 18 anos.

Coisa de mãe –Uma mãe questiona o fato de vários dentes de leite do filho terem caído há um ano e não haver qualquer sinal do dente permanente. Como a mãe deve proceder?
Mônica Cruz – Nesse caso, deve procurar o odontopediatra, que irá fazer exames clínicos e radiográficos para investigar o motivo do atraso. Existem crianças que, mesmo sendo saudáveis, podem apresentar a falta de algum dente. Isso normalmente acontece quando o padrão é familiar, ou seja, hereditário.

Coisa de mãe – O que fazer quando um dente permanente começa a nascer sem que o dente de leite tenha caído? É preciso extrair o dente de leite?
Mônica Cruz – Sim, é preciso tirar o dente de leite para que ele não sirva de obstáculo e desvie o permanente da posição. Isto acontece com muita freqüência com os incisivos centrais ou laterais inferiores. Principalmente naquelas crianças que apresentam uma arcada muito estreita e o dente permanente se forma mais para o lado lingual e não abaixo do dente de leite. Quando isso acontece, o permanente não faz pressão suficiente para amolecer o antecessor.

Coisa de mãe – O permanente demora mais para nascer quando um dente de leite não cai naturalmente e precisa ser extraído?
Mônica Cruz – Depende. Se o dente for extraído precocemente por cárie dentária ou traumatismo – queda, pancada –, poderá demorar. Ele só irá nascer na época certa. Ou seja, não é a perda do dente de leite que determina o aparecimento do permanente, e sim, o contrário, a calcificação da raiz do dente permanente é que determina a perda do de leite. Se houver perda precoce, haverá, sim, um tempo de espera.

Coisa de mãe – No caso de crianças com Síndrome de Down, a primeira dentição costuma ser mais tardia? Por que?
Mônica Cruz – Sim. Existe uma alteração da cronologia e, como já falei antes, muitas vezes a síndrome vem acompanhada da ausência de vários dentes. Esta é uma das características da síndrome, por motivos genéticos.

Coisa de mãe – Qual é a causa de alguns dentes permanentes nascerem amarelos? O uso de antibióticos pode ser um dos fatores? Há como corrigir?
Mônica Cruz – Os dentes permanentes sempre são mais amarelos que os de leite. Isto se deve às características anatômicas da quantidade de esmalte e dentina. Principalmente, na fase de dentição mista, que é quando a criança apresenta dentes de leite e permanentes ao mesmo tempo na boca, temos a tendência de vê-los mais amarelos, pois iremos compará-los com os de leite. O uso especifico do antibiótico tetraciclina, na fase de calcificação – que vai do quarto mês de vida intra-uterina até os 6 anos de idade da criança –, causa manchas de difícil tratamento nos dentes. Hoje em dia tratamentos como clareamentos são uma boa opção para este tipo de problema, mas deve-se ter cautela na sua indicação.

Coisa de mãe – Por que alguns dentes de leite já nascem com manchas esbranquiçadas? É alguma doença?
Mônica Cruz – Sim, existem algumas doenças que causam manchas nos dentes. A mais comum é a hipoplasia de esmalte, que deixa o dente mais poroso e mais susceptível à cárie dentária. Geralmente, ocorre após algum distúrbio na época de formação do dente, podendo ser desde um processo infeccioso até um trauma na dentição de leite. A fluorose dentária, que é uma doença causada pela ingestão do flúor em excesso, também pode causar manchas nos dentes. Mas, vale salientar, que é o uso do flúor em excesso. Isto porque, o flúor continua a ser, juntamente com uma boa higiene dentária e uma dieta sem excesso de açucares, a melhor forma de prevenção contra as cáries dentárias. Diante de tudo que foi falado, fica evidente a importância do acompanhamento do odontopediatra, inclusive na época de troca dos dentes.

Coisa de mãe – O que se deve fazer quando os dentes de leite estão moles? A gente espera cair ou pode arrancar?
Mônica Cruz – Não há problema em esperar ele cair, mas, às vezes, a criança se sente incomodada na hora da alimentação. Assim, pode ser retirado desde que esteja realmente bem molinho. Ao contrário do que as pessoas dizem, não há como ele endurecer novamente. O dente de leite tem raiz igual à do permanente. Assim, quando este está formado, exerce uma pressão e a raiz do de leite começa o processo de reabsorção (vai se desmanchando). Dessa forma, ele perde seu suporte no osso e começa a ficar mole. Mas isto ocorre de forma lenta, demora algum tempo. Algumas mães ficam muito ansiosas e querem tirar, logo que sentem alguma mobilidade. Se for tentada a remoção com uma quantidade razoável de raiz, a criança vai sentir dor e pode ficar com medo nas trocas futuras. Assim, só deve ser tentada a sua remoção quando ele estiver bem mole.

Coisa de mãe –Várias mães se preocupam quando as gengivas dos seus filhos ficam roxas. O que significa uma gengiva roxa?
Mônica Cruz – Alguns dentes apresentam um “nascimento difícil”, a gengiva fica muito vascularizada e pode romper algum vasinho com extravasamento de sangue. É o que chamamos de hematoma de erupção. Mas não traz grandes conseqüências, e o arroxeado irá desaparecer aos poucos. Poderá ser feita uma massagem no local.

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