Prestes a fazer uma cirurgia para retirada da vesícula biliar, uma colecistectomia, como preferem os médicos, fico pensando nessas coisas que mãe pensa… E se acontecer alguma coisa? Quem vai cuidar dos meus filhos? Claro, tem o pai, mas não é a mamãe e por aí vai… Um sentimento bem comum, humano. Entretanto, tem me feito refletir sobre essa onipotência materna que, acredito, a maioria das mães desenvolve… Essa visão de que só ela pode dar o melhor, proporcionar o melhor para o filho… Uma ilusão que se dissipará em breve por aqui, quando, na minha fase pós-operatória, tudo continuar acontecendo na vida dos meus filhos da mesma maneira. Eles seguirão em frente com a rotina deles enquanto eu me recupero. Simples assim. Não haverá mudanças significativas no cotidiano deles. Haverá na minha. E é aí que mora a questão sobre a qual tenho refletido. O que é meu e o que é deles. O que é necessidade deles, o que é necessidade minha. Se abro mão de uma série de oportunidades, no trabalho, por exemplo, é por eles ou por mim mesma? É porque eles necessitam desse tempo comigo ou é porque eu resolvi dedicar esse tempo a eles, acreditando que é o que tenho conseguido fazer de melhor? Não tem problema algum que seja por mim mesma. É legítimo. Contanto que eu tenha consciência disso e não me pegue dizendo algo para eles, no futuro, como: “Eu abri mão de minha vida profissional para cuidar de vocês…” Contanto que eu seja justa. Com eles, sim, mas antes de tudo comigo mesma.
A parte que me cabe
11 de novembro de 2011 10 Comentários