Coisa de Mãe

Emoção nunca é demais…

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A escola dos meu filhos decidiu, este ano, não comemorar o Dia das Mães. As justificativas foram inúmeras e, em alguns momentos, os argumentos eram contraditórios. Às vezes, o excesso faz isso: confunde, atropela os fatos. Além do discurso de que dia das mães é todo dia, a escola argumentou algo nobre: algumas crianças não tem mãe. Em outros casos, as mães não podem comparecer às homenagens, causando sofrimento aos pequenos. E o sábado, quando só iria quem estivesse disposto ou pudesse receber a homenagem? Silêncio. A ânsia de convencer é legítima, mas, dependendo dos argumentos, termina redundando em um desrespeito para com a visão discordante, causando um efeito contrário ao pretendido. Enfim, não tivemos a comemoração do Dia das Mães na escola, apesar dos questionamentos maternos, claro. As professoras se desdobraram em estimular as crianças a preparar os presentes que foram entregues. Lindos, diga-se de passagem. Peças em cerâmica pintadas pelos pequenos. Vou emoldurar e pendurar na parede do meu escritório. Entretanto, faltaram algumas coisas especiais, típicas dessas homenagens:
1. Uma lágrima no canto do olho;
2. Ou um choro convulsivo;
3. Aquela declaração pública;
4. A emoção coletiva;
5. As crianças cantando para mãe ou só olhando;
6. A coreografia desencontrada;
7. A carreira para o abraço e o beijo, ao final do espetáculo.
Mas, antes que me acusem de não estar “nutrida afetivamente” ou de não estar “devidamente evoluída” para me desapegar de tradições e convenções, informo que meu Dia das Mães foi lindo. Café na cama, presentes, beijos, abraços, meus filhos e meu marido comigo o dia inteiro, fazendo dengo… João Marcelo, a dizer “te adoro, mamãe” e Valentina a repetir a declaração de amor… Emocionante, recheado de amor e cumplicidade. De quebra, um presente que ainda não fora assegurado: o Santa garantiu o bicampeonato pernambucano, no dia do aniversário do Sport Clube do Recife, na Ilha do Retiro. O que uma mãe tricolor pode querer mais? Apesar de tudo isso, faltou algo que a escola não entende, de repente, mais como sendo seu papel: render sua homenagem às mães, por meio das crianças. Faltou o reconhecimento a esse “SER” via escola, faltou a oportunidade de nos emocionarmos juntos com essa mulher que trabalha em casa ou fora, ou nos dois espaços (como no meu caso), que é esposa, que se desdobra diariamente no seu papel de mãe, que é tudo isso e mais um pouco. Não, o presente não bastou. Faltou um pedaço. Tivemos emoção em casa. Mas emoção nunca é demais. Faltou a emoção na e da escola. E essa, perdoem-me, não pode faltar. A escola estava um pouco triste naquele dia que poderia ser o da homenagem do Dia das Mães. Um pouco melancólica. Algumas mães levaram máquina fotográfica e tiraram fotos com seus filhos… Ficou em mim a nítida sensação de que, neste mundo cada dia mais impessoal, a emoção não tem tido muito espaço mesmo. O espaço é de um discurso que se diz “politicamente correto”, mas que na verdade não passa de uma desculpa para racionalizar, inclusive racionalizar o sentimento. Uma pena. Ainda bem que as mães existem para ensinar aos seus filhos como se emocionar com as pequenas coisas, render homenagens aos seus ascendentes, reverenciando-os. Nunca é demais reconhecer o papel de uma mãe ou de um pai nas nossas vidas. E, sim, o dia das mães é todos os dias, mas isso não exclui meia hora de homenagens no âmbito escolar. Eu espero que o dia dos professores seja mantido e que possamos homenageá-los pelo papel que exercem cotidianamente na vida dos nossos filhos. Para os que acreditam, que o Natal continue a ser festejado, embora Cristo esteja presente a cada momento. E, por favor, que tal continuarmos a usar o nosso tempo para admirar o brilho no olhar dos outros, sem que esse brilho precise necessariamente ofuscar nossas recentes convicções?

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